A maior parte da geração nascida nos anos sessenta, do marcante Maio de 68, não sabe, mas já provou uma bebida açucarada elaborada à base de xarope, açúcar e gás carbónico. A Internet conta a história toda e, também refere a existência de um palhaço brasileiro assim chamado, bem como restaurantes e casas de comeres, para além de outras criações baptizadas da mesma forma.

O que a Internet não refere é o facto de, o termo a designar a então popular bebida nas camadas populares porque além de adoçar os paladares, fosse na fórmula simples, fosse na sua junção a outras bebidas – vinho, cerveja, anis, e outros licores –, a garrafa era fechada com um berlinde de vidro maciço muito disputado pelos meninos nos jogos de precisão de entrarem em reduzidos poços escavados na terra e buracos de caixas e cestas de escassa circularidade, caso da boca do sapo. O sapo de metal tem a boca aberta e os jogadores tentam enfiar-lhe a moeda ou ficha a conceder-lhe prémio de várias expressões, normalmente, comeres e beberes.

O termo pirolito mercê do labor do povo na acção de deturpar o significado inicial da palavra, um reputado pedagogo dizia: «quem faz a língua são os grandes escritores, poetas, filósofos, pedagogos e teólogos, o povo deturpa-a e diversifica-a» de bebida o pirolito amontoou significações como acima referi, preferindo não aludir às pejorativas estilo: és um pirolito de merda! Não passas de um pirolito no palco da vida, vales tanto quanto um pirolito, e outras do mesmo género, além das obscenas e depreciativas de crianças e mulheres. No período áureo dos pirolitos e das festas e feiras onde as pessoas comiam sobre uma manta estendida no chão ou em tabernas improvisadas no Nordeste transmontano o epíteto de pirolito por vezes dava azo a desordens avinhadas e impropérios femininos. Sempre que ouço o vocábulo associo-o a uma zaragata tendo como génese um berlinde disputado no início do arraial da festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios em Tuizelo, sendo tamanino e onde ajudei a servir líquidos e sólidos debaixo da vigilância de uma prima em plena floração e o irmão dela, especialista na trapalhice.

Seria surpreendente não ter conhecido homens apodados de pirolito e mulheres pirolitas objecto de facécias derivadas da alcunha. O perigo de chamarmos pirolito a um menino é ele nunca mais perder o chamiço.

A bebida continua a vender-se, ora desprovida de berlindes, emigraram todos – pequenos, grandes, reboludos, anafados, coloridos, maciços e ocos – para o esquisito mundo da comida igual em todos os lados, niveladora por baixo, digna de ser acompanhada por …pirolitos.