Segundo os especialistas o melhor caviar é dos esturjões do mar Cáspio e das espécies Beluga, Ostetra e Seviruga cujas ovas salgadas provocam intensas e inolvidáveis sensações de prazer, por isso mesmo o caviar atinge custo só acessível a nababos sejam donos disto tudo ou não. A última vez que deliciei o palato degustando caviar foi dádiva de uma senhora ucraniana acompanhado por «champanhe» da Crimeia. O caviar chega tarde ao cenáculo do gosto gastronómico de então – Paris – pelo esforço de dois irmãos russos que ficaram escandalizados ao verificarem o desconhecimento dos gastrónomos franceses acerca desta preciosa delicadeza estomacal. A falha era tal que no de correr da Exposição Universal de Paris em 1925, os organizadores de uma prova de várias espécies das suculentas ovas, foram aconselhados a colocarem cuspideiras ao longo das mesas no temor de os provadores cuspirem as provas.

O rio Tejo foi pródigo em esturjões, os pescadores de Valada do Ribatejo ofereceram ao rei Lavrador um soberbo esturjão, por seu turno o rei Dom João III foi obsequiado com um cujo peso atingiu os 275 quilos. O espanto provocado levou o rei a instruir o cronista a redigir um documento a atestar o acontecimento e depositá-lo na Torre do Tombo.

Agora, o rio deixou de ter esturjões para nosso pesar e prejuízo das papilas gustativas, no entanto, o cozinheiro escalabitano Rodrigo Castelo tem-se esforçado (com muito êxito) na reabilitação culinária de várias espécies ainda a viverem naquela auto-estrada civilizatória, caso da fataça ou mugem (existe uma localidade chamada Porto de Muge, do lúcio, dos linguadinhos, minúsculos camarões e ervas de tempero. Porque a pandemia tal como o Diabo tem sempre uma coisa boa, diminuíram os índices de poluição no rio, esperemos o reaparecimento pelo menos das enguias denominadas irozes já que os esturjões deixaram de se verem há séculos.

PS. Os sequiosos de ovas vermelhas experimentem provar as da Cantábria. E, mais não digo!