O restaurante Epur, em Lisboa, detentor de uma estrela Michelin e chefiado por Vincent Farges, está a funcionar em regime take away e delivery. Mas como é que se adapta um fine dining a esse tipo de oferta? Falámos com o chefe para saber mais.

Como é que a pandemia do novo coronavírus afetou diretamente o Epur?

Como afetou todos os restaurantes a nível global. Está tudo fechado sem produzir qualquer receita. É muito complicado para um restaurante não poder abrir as suas portas. Afetou não só o nosso restaurante mas também os nossos fornecedores.

Quando o chefe decidiu fechar o restaurante, pensou logo que teria de reagir e criar algum tipo de solução?

Tivemos de pensar numa solução e vimos no take away/delivery uma estratégia para a situação que estamos a viver. Com a entrada no primeiro estado de emergência, aproveitámos esse tempo para avaliar as nossas opções, além de garantir a saúde e bem-estar da equipa. Esse período ajudou a planear as nossas ideias e como concretizá-las perante as novas medidas impostas, mantendo sempre como pilar principal a essência do Epur, mas em casa das pessoas. Queríamos manter a linha que sempre trabalhámos e sempre oferecemos no restaurante, e tivemos de pensar em como fazer para isso acontecer.

E como é que foi possível adaptar a oferta de um fine dining a esses tipos de serviços?

Tudo é possível. Continuamos a ter uma cozinha fantástica e super bem equipada. Juntamente com a minha equipa foi uma questão de reorganizar o que estava feito e adaptar para este novo projeto. Em poucos dias ficámos prontos para começar.

Seguindo a linha do nosso restaurante em apostar sempre em menus sazonais, com alterações ao menu com alguma frequência, aqui fazemos o mesmo, o menu muda semanalmente e oferecemos desde padaria, a entradas, pratos principais e sobremesas.

E como funcionam esses serviços?

As encomendas podem ser feitas de segunda a sexta, das 9h as 14h. É recomendável que esta seja feita com um dia de antecedência para que consigamos garantir o acesso aos melhores produtos. Já as entregas são de terça a sábado, entre as 15h as 19h.

A seu ver, como será o futuro dos restaurantes de fine dining em Portugal? Terão de se readaptar?

Sem dúvida. Aliás a restauração, tal como estamos habituados, vai mudar por completo pelo menos nesta fase inicial de adaptação à nova realidade com o vírus. Acho que vamos ter uma nova realidade. As pessoas não vão estar tão à vontade para ir a um restaurante onde estão várias outras na mesma sala, principalmente se houver muitas de outros países que por vezes saem do aeroporto e vão logo visitar este tipo de restaurantes, e isso poderá causar algum tipo de desconforto ao público em geral. Acho que depois desta situação, as pessoas vão querer voltar ao básico e ao mais simples e os restaurantes de fine dining vão ter pensar em novas estratégias.

E já há estratégias pensadas para o Epur para quando voltar a ser possível reabrir os restaurantes em Portugal?

Já existem algumas coisas pensadas, mas antes de se tomar alguma decisão teremos de ter em conta como vai estar o mercado e as medidas impostas. Só depois disso é que poderemos tomar uma decisão.