#resistimos a uma quarentena difícil, com dias de chuva e cinzentos, com notícias nem sempre famosas. Reagimos sempre. Mesmo sem certezas, soubemos fazer de cada dia uma oportunidade para, acima de tudo, vivermos. Aniversários, Páscoa e outros momentos não ficaram por viver. Ainda que fazendo das tripas coração, soubemos manter os negócios à tona da água. Costumam dizer que os portugueses são sempre assim, o povo do mais ou menos, do “está-se bem, mas podia estar melhor”, do assim-assim. Nada disso. Reação a fervilhar de tantas boas ações, de tanta solidariedade, de tantos movimentos positivos. Ordeiro, civilizado, capaz de pensar nos outros para além da sua vontade, o povo português foi valente. Sinceramente, quando olho para há um mês atrás parece que foi há três anos. Está distante, já arrumei os momentos menos bons, bem lá no fundo. Amanhã, começa um novo ciclo para todos nós. Aguardam-nos desafios que, mais uma vez, não compreendemos, não controlamos, para os quais não temos garantia. Não há estudos, provas ou experiências anteriores que nos ensinem a fazer o correto. Tanto a partir de amanhã, como há um mês atrás teremos que nos socorrer da nossa vontade e ousadia. Pensar e agir.
Mas o futuro pertence-nos para além das dificuldades. Essa é uma certeza que temos que ter e que exigir. Não acredito num caminho sem pedras, mas temos que acreditar nas oportunidades que se geraram para um Portugal completo, temos que perceber como toda esta situação, ao mesmo tempo que expôs as fragilidades de um país demasiado dividido, nos deu as soluções para o unir. E percebemos, também, que a maioria das soluções passam sobretudo por cada um de nós. No limite e na exaustão, valeu a força de cada um e o valor do grupo.
Não somos ingénuos. Precisamos de uma ação concertada entre governo e instituições públicas e privadas, de união entre governos, de cooperação no mundo. Se as instituições intergovernamentais sairão fragilizadas com a explosão desta pandemia com cada governo a olhar pelo seu povo, têm agora a oportunidade de mostrar para o que foram criadas. E depois a iniciativa privada ou direi humana fará o resto. O mundo não está a andar mais devagar, bem pelo contrário a velocidade com que se renova, se reinventa, se reorganiza quase nem nos dá tempo para respirar. Às vezes, tenho dúvidas que tenhamos capacidade para acompanhar todas as mudanças. A rapidez e a velocidade deixam-nos ver, somente, à distância. Outras vezes, somos apanhados e nem percebemos como avançámos.
Continuamos a #resistir para além da incerteza. Só a força que soubemos ter nos dá a certeza de que iremos conseguir.