Vou tratá-lo por António, se me permite a ousadia. Não o tome como ofensa ou excesso de confiança, nem sequer o conheço. Acho, quero dizer, estou certo que além da figura institucional que apresenta a todos os portugueses, é acima de tudo uma pessoa.
Uma pessoa que se chama António, como o meu pai por acaso, uma pessoa com os mesmos sentimentos, angústias e medos. O António como Primeiro-ministro, eleito para representar a nação. Confesso que não lhe invejo o lugar neste momento, mas lembre-se se lhe servir de algum conforto: não há Homem sem missão. E a do António é esta, neste período em que o mar está revolto e as lágrimas de Portugal já não são as de sal, mas as da impotência. De uma impotência universal perante uma ameaça que a todos, sem exceção, ultrapassa.
A destruição económico-social é galopante e a normalidade a cada dia mais distante.
A preocupação é visível no seu rosto e no de cada elemento do seu governo.
Não sou seu fã, de todo, nem das suas políticas nem da sua ideologia partidária, porém, neste momento em que o país é chamado a combate, os partidos para mim e para si, creio, resumem-se a um só: a nossa pátria, o nosso amado jardim à beira-mar plantado.
A mesma pátria e os mesmos guerreiros que um dia lutaram apenas com um punhado de homens em Aljubarrota e Atoleiros. A mesma pátria e os mesmos guerreiros que um dia enfrentaram as entranhas do profundo, a noite negra e as ondas de Neptuno furibundo.
Os que descobriram o Brasil, a Austrália e que até dobraram o Cabo Bojador. E depois de tudo os mesmos que ainda escreveram e cantaram música com a própria dor.
De entre Celtas, Romanos, Visigodos, tornámo-nos Portugueses; os que não desistem! Os que sonham alto, bem alto! Os que vencem. Os que resistem e persistem a qualquer sobressalto.
Nuno Álvares Pereira, Cristóvão de Mendonça, Vasco da Gama já cá não estão e agora é a sua vez, António. A sua tática.