Eis que num ápice tudo o que sabemos se torna inútil perante o vasto fogo do desconhecido.
Somos, julgamos ser, a raça superior. A do conhecimento absoluto. Ah! Que ironia esta!
Tudo está deserto: as ruas, as cidades, os restaurantes. Tudo está deserto, de pessoas e de soluções.
Se pensarmos de cima, atrevidamente, veremos uma delicada esperança, a par e passo com um forte sentido de responsabilidade, humanidade e solidariedade.
Não será a classe política ou o conjunto de especialistas que irá descobrir de um dia para o outro a solução. A classe política é política e só isso, como já percebemos. Os especialistas, como também já constatamos conhecem tudo, menos o que desconhecem.
Então e a solução? Essa está em cada um de nós, não fossemos os legítimos herdeiros de um espírito nobre e antigo, construído ao longo de 900 anos, a ferro e fogo e sangue.
É essa a única certeza que orgulhosamente empunhamos nesta batalha. Como fachos quentes e pesados pela escuridão do presente adentro.
Será mais uma, entre muitas outras. São necessárias, mesmo não parecendo, para a construção de algo maior que há de vir – chama-se futuro, e nós, como sempre, desconhecemo-lo.
Termino com um excerto de um poema que o pai de Anne Frank lhe ofereceu como prenda de aniversário. Sei que são situações antagónicas, mas os extremos sempre convergem.

“O remédio pode ser amargo, mas há que o engolir, pois é necessário para a paz existir”
Otto Heinrich Frank , 12 de junho de 1943