Izakaya Tokkuri é o mais recente restaurante japonês do Bairro Alto, que apresenta ao balcão pratos tradicionais e quinze referências de saké, para antes, durante ou depois da refeição.
FICHA TÉCNICA:
Nome: Izakaya Tokkuri
Chefe: Eder Haruno Santos
Conceito: Restaurante de petiscos e pratos japoneses, que privilegia o saké, bebida fermentada de arroz
Dica: Se quiser conhecer melhor o mundo dos saké, saiba que pode pedir uma degustação de vários pela quantia de 15€. Se optar escolher por si mesmo, consulte o quadro de ardósia com as características das respetivas bebidas
Morada: Travessa dos Fiéis de Deus, 28. Lisboa
Telefone: 213 461 500
Horário: Aberto de terça a domingo, das 17h às 2h
Na história
A lanterna vermelha à entrada faz adivinhar que se trata de uma casa japonesa. A confirmação visual do nome, Izakaya, denuncia que o novo morador do número 28 do Bairro Alto é uma taberna em que o saké, tradicionalmente servido em Tokkuri (jarros de cerâmica), é uma das personagens principais do espaço. Este conceito nipónico tem décadas — no início, sabe-se que só a homens se permitia entrada, que depois de uma jornada de trabalho, era hábito acompanharem a sua bebida de eleição com petiscos típicos. A ideia de trazer este pedaço da cultura japonesa até Lisboa partiu de Vítor Hipólito, proprietário de outros três restaurantes na capital, que entre viagens constantes ao Japão e ao Brasil, acabou por encontrar no chefe Eder Haruno Santos um parceiro de aventura. O brasileiro, com mais de 15 anos de experiência na Terra do Sol Nascente, tinha voltado recentemente à cidade natal, São Paulo, conhecida por albergar uma grande comunidade de japoneses. A vontade de abraçar um novo desafio resultou na sua rápida vinda para Lisboa. É neste Izakaya que pretende agora apresentar ao público luso a comida típica japonesa, rompendo “possíveis barreiras” que tal oferta possa proporcionar. “O sushi popularizou-se e as pessoas não estão habituadas a comer pratos de raiz japonesa. O principal desafio é quebrar isso”, explica.
No espaço
Tal como à mesa, também no espaço esta nova taberna japonesa apresenta tradição. Ao entrar, e passando as duas mesas da esplanada, os olhos fixam o balcão corrido e comprido (com 21 assentos), com vista para a pequena cozinha do interior. Ao redor, avistam-se as únicas duas mesas interiores e um pequeno espaço pertencente à Garrafeira Imperial (do mesmo proprietário do restaurante), onde os clientes podem comprar vinho e levá-lo para casa ou consumi-lo no local (sendo depois cobrada uma taxa de rolha). As paredes, forradas em madeira clara, sustentam os quadros de ardósia onde estão apontadas as várias iguarias que mudam consoante “os produtos do dia” e outras opções, sempre fixas. O terceiro quadro é uma montra da lista de 15 variedades de um dos produtos-estrela da casa, o saké – que na oferta de bebidas se junta ainda às cervejas, à sangria e ao vinho. Ao fundo do corredor, à esquerda, estão três salas privadas, com almofadas e mesas baixas, indicadas para grupos. O barulho de fundo, esse, pode variar entre conversas em vários idiomas, música de diferentes géneros ou até mesmo o som do noticiário japonês, saído da televisão do canto, sempre ligada.
Na mesa
“O que distingue os izakayas são os molhos, que aqui são todos confecionados na casa”, começa por explicar o chefe, de punhos fechados, no balcão de madeira. Apesar de existirem na carta opções de sushi e sashimi aqui o foco é outro. Espetadas (yakitori), Gyosas (ravioli de massa caseira de porco ou camarão), Tako dashi tamago (omelete “feita por camadas” com polvo), Nira reba (fígado com folha de alho), Nasu dengaku (beringela com molho de miso,) Kara age (frango frito) e o já conhecido Miso chiro (caldo de soja) são algumas das propostas, a que se juntam a outras de maior sustento como os ramen (de vegetais, ovo e barriga de porco). “Esta carta já foi recriada umas três vezes. Tinha inicialmente 150 pratos mas depois fiz uma triagem, adaptada ao gosto do cliente”, afirma o chefe que confessa ainda “adorar” a mistura de sabores que a cozinha nipónica proporciona. Recentemente, quando preparava um dos pratos do dia, arriscou a combinação de um produto muito utilizado na cozinha lusa, coentros, com peixe cru e adorou: “Casa bem”, garante.
Antes de voltar para a cozinha, ali a menos de um metro, o chefe brasileiro revela que a adaptação ao novo país tem sido fácil e que em breve terá a companhia da mulher, japonesa, e dos filhos. Longe vão agora os tempos em que tinha de decorar o nome das dezenas de pratos, numa língua que não a sua. “Aqui é mais fácil. Sinto-me em casa.”