O chefe Bertílio Gomes recuperou uma antiga casa de pasto de Santa Apolónia, em Lisboa, e, com a ajuda do seu repertório de receitas algarvias, fez ali nascer a Taberna Albricoque, projeto sobre o qual falou com o ETASTE.

FICHA TÉCNICA:

Nome: Taberna Albricoque
Chefe: Bertílio Gomes. Chefe do restaurante Chapitô à Mesa e coautor do livro “Algarve Mediterrânico”.
Conceito:
Cozinha algarvia de produto (algarvio).
Dica:
Tenha sempre atenção à sugestão do dia, que varia de acordo com o que há disponível na horta que fornece os produtos.
Morada:
Rua dos Caminhos de Ferro, 98. Santa Apolónia, Lisboa.
Telefone:
963 491 581
Horário:
Aberto terça-feira das 15h às 23h. De quarta-feira a sábado das 12h às 23h e domingo das 12h às 18h.

Na história

Tudo aconteceu quase por acaso: a ideia inicial de Bertílio Gomes não era abrir um segundo restaurante (continua no Chapitô à Mesa), antes encontrar um espaço para uma nova geladaria Ice Gourmet, projeto que montou com a mulher nos Jardins da Gulbenkian. O destino, porém, trocou-lhe as voltas.

Bertílio não é algarvio de nascença mas tem raízes familiares na região. Foram elas que o levaram a apaixonar-se pela respetiva gastronomia. Defensor acérrimo da autenticidade do produto português, há muito que o chefe queria abrir um espaço em nome próprio onde pudesse, como diz, “arrumar o conceito da cozinha do Algarve”.

A Taberna Albricoque surge com esse propósito. Um nome que tem uma explicação singular: trata-se do termo local para designar o alperce, fruto que apenas aparece durante duas semanas. Ora este facto representa, na opinião do chefe, o extremo da sazonalidade, precisamente a ideia que quer ver representada no restaurante.

O chefe Bertílio Gomes não é algarvio de nascença mas tem raízes familiares na região. Foto: Humberto Mouco

No espaço

“É um espaço autêntico, um espaço verdadeiro onde as coisas são o que são e não a fingir que são”, conta Bertílio Gomes. Na sala principal do restaurante percebem-se os traços de outros tempos — em 1905 já se serviam aqui refeições, era uma casa de pasto. Esses traços são evidenciados através do chão, do mármore e dos armários em madeira que revestem as paredes, onde estão expostos os vinhos nacionais, bem como pelas portas em madeira que contrastam com os vitrais. Tudo isto dá alma e carisma ao restaurante.

A ideia de Bertílio é que este seja um ponto de encontro, tal como as tabernas o eram noutros tempos. “A taberna faz parte do nosso património cultural e era um local de socialização onde se bebia e comia algo”, explica.

Apesar de geralmente se pensar nas tabernas como espaços pequenos, nesta Albricoque existem 60 lugares. “Mas conseguimos ir até aos 70”, adianta Bertílio Gomes. A estes juntam-se outros 20 lugares na esplanada.

Nas palavras do chefe, a Taberna Albricoque é um espaço autêntico “onde as coisas são o que são e não a fingir que são”. Foto: Humberto Mouco

Na mesa

Bertílio Gomes construiu parte significativa da sua carreira profissional com base na cozinha algarvia. Portanto, na Taberna Albricoque, o chefe está a lidar com o receituário que melhor conhece e que quer, por outro lado, dar a conhecer aos lisboetas.

Tanto nos pratos de carne como nos de peixe, o elemento de destaque é o vegetal. O chefe exemplifica: “Hoje para sugestão do dia temos favas com bochechas de porco. Não são bochechas de porco com favas mas sim, favas com bochechas de porco, aqui o mais importante são as favas”.

O conceito principal passa pelos petiscos e a carta é tudo menos estanque — vai mudando de acordo com o que produtor exclusivo tem disponível na horta. Também há sugestões diárias.

Há três confeções da terra que representam a cozinha da serra algarvia e outras três do mar. Todas elas vão “sempre para o meio da mesa”, garante o chefe, para que a refeição seja feita com espírito de partilha.

Das opções atuais da carta, Bertílio aponta aquelas que considera os clássicos do momento: a abrótea arrepiada com xerém de algas, a alhada de raia — que na opinião do chefe é imprescindível que esteja no menu, por ser um clássico da cozinha algarvia — e o rissol de berbigão e o rabo de boi com grão. Sugere-nos ainda uma sobremesa simples mas saborosa, o almece de ovelha com mel, frutos secos e tomilho — feita com esse subproduto do queijo — e a trilogia algarvia, a sua interpretação da combinação tradicional: alfarroba, figo e amêndoa. Para os dias de calor não faltarão os gelados artesanais como o de alfarroba, de queijo de figo ou de amendoim.

Rabo de boi com grão, uma das sugestões do novo restaurantes de Santa Apolónia. Foto: DR
Rabo de boi com grão, uma das sugestões do novo restaurantes de Santa Apolónia. Foto: DR