O futuro pós pandemia está bem guardado na sacola dos Deuses do Olimpo. Por assim ser, e é, estamos ante rotunda asneira de dispersão dos remates falsos tal qual as amêijoas vendidas como cristãs quando apenas são maliciosas no tamanho e secas ao modo de seios dependurados desprovidos de turgidez assemelhando-se a espigas de milho sem bagos. Tudo isto para escrever: as Confrarias gastronómicas no seu todo correm o sério risco de a maioria soçobrarem no rio repleto de poços fundos, traiçoeiros porque aparentam quietude de águas mansas, quando no âmago estão impregnadas de vírus ameaçadores da vida de grande parte dos confrades na justa medida de carregarem nos ombros dezenas e dezenas de anos, no corpo todo patologias a aumentarem a sua situação de risco, daí a profilaxia e normativos sanitários recomendarem confinamento quais bonzos em oração silenciosa, nada de beijos e abraços, distanciamento respiratório, mãos caídas até ao fim das mãos lavadas previamente, a todo o tempo, sendo terminantemente interdito meter o indicador nos bolos e nas compotas.

Maioritariamente idosos e idosas, tremendo de medo, angustiados por não se vislumbrarem antídotos fiáveis a curto prazo, o cordão umbilical das Confrarias – os denominados capítulos e mais esparsamente os congressos – cujas traves mestras assentam na convivialidade exuberante e na partilha de comeres e beberes estão maculados para todo o sempre, não há volta a dar-lhe, parafraseando o saudoso jornalista, homem de cultura, refinado gourmet, profundo conhecedor da cozinha italiana, Victor Cunha Rego «a causa das coisas» o vírus está e vai atrapalhar o nosso quotidiano e dias nomeados tal como a invasão dos bárbaros ruiu o império romano.

Perante tão fragorosa realidade deixo interrogações. O que vai fazer a Federação das Confrarias? Um Congresso virtual a fim de ser discutida a escalavrada realidade? Um inquérito junto das Confrarias indagador do que pensa cada uma das federadas? Encolher os ombros e deixar correr o marfim.

O momento é mau, análise profunda e ponderada do universo das confrarias impõe-se. Se assim não acontecer ficarão meia dúzia ao modo de animais a preservar em território ou reserva de exposição museológica de um Mundo que nós perdemos!