Há dias, uma pessoa que muito estimo, enviou-me via vídeo com imagens de promoção de vinhos, contendo vários elementos relativos à cultura deste marco civilizacional a todos os títulos, até no âmago da lucidez, a contrariar as infindáveis jocosidades deslizantes das consequências de excessiva ingestão dos néctares gerados nas vinhas. A pessoa pedia a minha opinião ante o visto, perscrutado e observado. Anui à simpática solicitação, no entanto, no tocante aos tem-te em pé comestíveis, coadjuvantes das provas, escrevi que gosta de ter visto, salientes e altaneiros, tacos de bacalhau.

Porquê tacos de bacalhau cru? Porque há um carro de anos tive a possibilidade de conviver com um experimentado provador/comprador de vinhos finos, o qual nas suas andanças pelo Douro reservado aos que sabem onde encontrar os tais vinhos finos, generosos, antes de entrarem no circuito comercial, se fazia acompanhar por pequenos tacos de bacalhau azulado a exibirem minúsculos cristais reluzentes que após a prova de um vinho licoroso ou colheita tardia, resulta num contraste a enunciar virtudes e pecados da colheita objecto de apreciação.

Na altura, qual pavão de penas verdadeiras, provava e voltava a provar, na tentativa de ascender à categoria de honesto opinante crítico de vinhos, sobrou o propósito da honestidade, algumas particularidades gustativas, no que tange à sageza crítica aos costumes digo nada.

Os conselhos do peregrino vinhateiro não caíram em saco roto, tenho procurado leva-los à prova, sempre que tenho possibilidades ensaio o contraste bacalhau/vinhos sejam fortificados ou não, o exercício concede-me satisfação, por isso mesmo, atrevo-me a escrever a boa qualidade das colheitas tardias da chancela TEJO e dos licorosos que degusto sensatamente porque o desvio da norma adicionado ao aumento de graduação dos vinho destas categorias originam as mofinas aleivosias contra o vinho, pagando o justo (o vinho) pelo pecador (shots) tiros de bebedeira repentina a par de beberagens de semelhante teor.