Aos comandos da cozinha do Erva está agora Artur Gomes. Recém-chegado do Noma, o jovem chefe trouxe com ele uma nova carta para este que é um restaurante de rua dentro do hotel Corinthia, em Lisboa.

Apesar dos seus 26 anos de idade, Artur Gomes já conta no currículo com passagem por algumas cozinhas de referência: a do Belcanto, em Lisboa, a do El Celler de Can Roca, em Girona, e, mais recentemente, a do prestigiado Noma, em Copenhaga. Foi a partir daí e do Noma Lab, onde se dedicou às  experiências de fermentados, que escreveu algumas crónicas na primeira pessoa para o ETaste. Agora, a aventura é outra e de maior responsabilidade: Artur tomou conta da cozinha do Erva, o restaurante — virado para a rua — do hotel Corinthia.

O restaurante já existia e mantém o nome.  O espaço também continua a exibir os tons de outrora – o verde invade o ambiente através dos jardins verticais que forram as paredes, a madeira transmite o conforto e o ferro sustenta e reforça a sua vivacidade. Tudo isto num ambiente que mistura o estilo industrial com a natureza. Então o que muda? Tudo o resto.

“Se eu não cozinho melhor do que a minha avó para que é que vou estar a fazer cozinha tradicional portuguesa?”, atira em jeito de pergunta retórica acerca da cozinha portuguesa reinventada que está a praticar. “Quero que os clientes aqui dentro tenham uma experiência de produto que é nosso, local e que é feito cá.” Pese a vertente criativa, claro que os sabores serão reconhecidos como portugueses até porque, como diz, “todos nós crescemos com uma grande carga cultural.”

Artur Gomes faz parte de uma geração de cozinheiros irreverentes e é isso que se pode observar no Erva, através das suas propostas gastronómicas. Para início de refeição sugere um prato “que tem muito sabor”: ouriço-do-mar com dashi e natas azedas com limão e salsa. “É um prato guloso!”, diz-nos de olhos arregalados. Outra das opções é o arroz com gamba da costa, um dos best sellers atuais. Na opinião de Artur este é um prato bem conseguido porque “transporta as pessoas e lembra o tradicional arroz de marisco.”

Para os adeptos do vegetarianismo ou que simplesmente não querem consumir proteína animal, a sugestão do chefe é um mil-folhas de aipo com ragu de cereais – são quatro cereais cozidos com caldo de cogumelos e um mil-folhas com aipo cozinhado a baixa temperatura, marcado com manteiga noisette -, que por sinal é um dos pratos preferidos do chefe.  Já os aficionados por carne, não devem deixar de experimentar o corte de vaca arouquesa com puré de cebola e salada de alface do Hortelão do Oeste.

Para finalizar a refeição, Artur sugere uma sobremesa de ameixa que faz a ponte entre o doce e o salgado. Tal como explica o chefe “o gelado é salgado para equilibrar com a ameixa que é cozinhada em xarope com açúcar e lúcia-lima”, trazendo o equilíbrio e a frescura necessários.

Se chegar ao ERVA e não houver mesa disponível pode sempre esperar na lounge do Wine Bar e provar um dos cocktails de autor.